Confraria das Lagartixas promove Encontro de Cinema, Literatura e Arte.
Filme | "Ligações Perigosas" de Stephen Frears
Uma mulher sem escrúpulos, traída e abandonada. Um homem sem moral na arte da conquista. Conheçam a Marquesa de Merteuil (Glenn Close) e o Visconde de Valmont (John Malkovich), dois personagens tão sedutores quanto odiosos, protagonistas do romance de Choderlos de Laclos - Ligações Perigosas, escrito em 1782 e adaptado pelas hábeis mãos de Stephen Frears.
Muito além da trama permeada por sexo, romance e traições, o filme traça um curioso e autêntico retrato da mesquinhez da alta sociedade francesa do século XVIII, tão preocupada com o jogo de aparências e pouco com suas ações altamente destrutivas.
“Quando uma mulher ataca outra, ela raramente erra e a ferida é invariavelmente fatal” - Visconde de Valmont quando vence a aposta que conduz a trama.
“Mulheres precisam ser mais talentosas que os homens”.
Marquesa de Merteuil - Filme Ligações Perigosas
"Quero a emoção de vê-la traindo tudo o que acha mais importante."
Visconde de Valmont - Filme Ligações Perigosas
"Traição era sua palavra favorita?
Não, crueldade. Sempre achei mais imponente."
Diálogo do Visconde de Valmont com a Marquesa de Merteuil - Filme Ligações Perigosas
"Por que será que só queremos perseguir aquelas que fogem?"
Visconde de Valmont - Filme Ligações Perigosas
"Eu consultei os mais rígidos moralistas para saber como me portar,
escritores para saber como sair impune,
filósofos para saber o que pensar
e reduzi tudo a um princípio simples:
Vencer ou morrer!"
Marquesa de Merteuil - Filme Ligações Perigosas
“Com apenas umas poucas palavras vocês podem acabar com a reputação de uma mulher. Eu fui obrigada, portanto, a encontrar escapatórias jamais imaginadas antes e consegui ter sucesso porque eu sempre entendi que deveria dominar o seu sexo e vingar o meu”, finaliza a Marqueza de Meteuil para um Valmont boquiaberto.
Para todos,a Marquesa de Merteuil é uma exímia senhora dos bons costumes – por “baixo do pano”, oculta a índole perversa que estrutura os ditames do tabuleiro.
Trailer
Conto | "O Espartilho" de Lygia Fagundes Telles, do livro: A Estrutura da Bolha de Sabão
Uma matriarca autoritária e controladora, tenta educar sua neta adolescente num ambiente impregnado de manipulações e preconceitos. Através de um álbum de fotografias, as duas travam um embate que mantém o leitor em estado de transe do início ao fim.
Para baixar o conto e ler na íntegra, clique no ícone abaixo.
"Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó."
"Muitos retratos já não tinham mais nenhum mistério mas sobre outros respingava suas reticências: 'Um dia Ana Luísa, quando você for maior'. Nunca chegou a me contar nada, tive que ir tateando, uma palavra aqui, um gesto lá adiante. Um objeto. Uma carta, peças que eu ia juntando enquanto esperava pelas tais revelações."
"Mas que família era essa que ela me apresentava? Gente insegura. Sofrida. Que eu teria amado muito mais do que as belas imagens descritas pela minha avó. Mas tive medo ao descobrir o medo alheio."
"Aprendi desde cedo que fazer higiene mental era não fazer nada por aqueles que despencam no abismo. Se despencou, paciência, a gente olha assim com o rabo do olho e segue em frente. Imaginava uma cratera negra dentro da qual os pecadores mergulhavam sem socorro. Contudo, não conseguia visualizar os corpos lá no fundo e isso me apaziguava. E quem sabe um ou outro podia se salvar no último instante, agarrado a uma pedra, a um arbusto?... Bois e homens podiam ser salvos porque o milagre fazia parte da higiene mental. Bastava merecer esse milagre."
"Aproximei-me e acariciei sua mão. Eu sabia que no fundo ela me amava, mas por que o fundo era tão fundo assim? Era aí que me queria dependente. Insegura. Agora, o meu cavalo avançava com naturalidade, sem pensar em conquistas - ora,que conquista? Simplesmente ele cuspira o freio cheio de sangue e seguia trotando, ah, que belo era ver livre o meu cavalo negro."
"Às vezes, o Diabo entrava sorrateiro nas casas e vinha espionar por detrás de alguma porta para saber o que estava acontecendo. Mas se via pairando um anjo no teto, enfiava o rabo entre as pernas e ia cabisbaixo arengar em outra freguesia."
"A memória do cheiro das goiabas esmagadas no tacho de cobre voltou a me envolver com seu hálito ardente. Era esse o cheiro da traição."
Enxuguei as mãos úmidas no vestido. O suor brotava amarelo-esverdeado debaixo do meu braço, nos vãos dos meus dedos. A cor do medo. Do mesmo tom sépia dos retratos que se colavam uns nos outros, obstinados. Cúmplices.
"Desabotoei-lhe a gola do vestido. Já que eu mudara, também ela mudaria de tática: estava na hora de me dobrar com a chantagem da morte. Senti de perto seu perfume de violetas.
Quer que tire seu espartilho?, perguntei quando meus dedos tocaram na rigidez das barbatanas. Não, filha. Eu me sentiria pior sem ele. Já estou bem, vá querida. Vá dormir.'
Lygia/Laclos/Frears, nos trazem em forma de conto, romance e direção, personagens que podem vir do século XVIII até a contemporaneidade.
O mal, o preconceito, o controle e a manipulação existem no âmago do ser humano desde os primórdios da humanidade.
Lygia nos apresenta uma matriarca que joga um cruel jogo de xadrez com sua neta assustada e submissa e Frears adapta o romance de Laclos, com o magistral desempenho de Glenn Close e a genialidade de John Malkovich.
Ao fim de cada uma dessas obras, o leitor/expectador, sai exaurido e boquiaberto por ter tido contato com o indizível (algo tão peculiar na obra de Lygia) e extasiado com a direção e adaptação de Frears, que personifica o mal através da interpretação única de uma atriz extraordinária: Glenn Close.
Quando?
18/06/2022
Roda de conversa on-line: das 16h às 18h
Onde?
Na sua casa através do aplicativo ZOOM - Baixar agora! - (Play Store) - (Apple Store)
Participação Especial:
Apoio:
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