Confraria das Lagartixas promove Encontro de Cinema, Literatura e Arte.
Parceria A Casa Frida
Filme | Mar Adentro
De Alejandro Amenábar
Na primeira sequência, conseguimos captar de maneira muito clara o tom adotado na obra - Ramón está sendo guiado pela voz de sua ajudante Gené numa meditação que o leva à uma linda praia da Galícia, num dia ensolarado e sem nuvens. Ela o instiga a sentir as texturas, os aromas, a temperatura e a paz daquele momento. De repente, tudo é interrompido por um trovão e somos trazidos de volta à realidade cinza de uma tarde chuvosa, na qual Ramón está deitado em sua cama, imobilizado, como tem sido nos últimos 28 anos. Gené fecha a janela e vai embora, simbolizando a separação da vida de Ramón com o mundo exterior, com seus sonhos e projetos interrompidos.
TRAILER:
"Mar adentro, mar adentro
É na leveza do fundo,
Onde se realizam os sonhos,
Se juntam duas vontades para realizar um desejo."
(Ramón Sampedro)
"Seu olhar e meu olhar,
como um eco, repetindo sem palavras
'mais adentro, mais adentro'
Até mais além de tudo,
pelo sangue e pelos ossos."
(Ramón Sampedro)
"Mas eu desperto sempre,
e sempre quero estar morto
Para seguir com minha boca
Enredada em seus cabelos."
(Ramón Sampedro)
Imersão Clarice Lispector
Para acompanhar nossa Ciranda de Leitura, com o livro A Paixão Segundo G.H., que vai ter início no dia 31/08/24, selecionamos parte da obra de Clarice para nos acompanhar nas nossas rodas de conversa, onde um conto e um filme são selecionados para discussão.
Pintura de Agnès Grégis
Conto | As Águas do Mundo
De Clarice Lispector Do livro Felicidade Clandestina
"Uma mulher, que está em frente ao mar para um mergulho matinal, às seis horas da manhã, tendo como expectador apenas um cão nas areias e a imensidão das águas que se perdem na linha do horizonte, podendo apenas ser encontrada pela infindável linha do olhar.
Entre as profundezas das águas e a luz do sol, entre a solidão e a presença, entre o sal e o iodo, a autora apresenta a enigmática e fascinante travessia da mulher que caminha por entre suas próprias vias na feitura de sua identidade."
Pintura de Agnès Grégis
Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.
Pintura de Agnès Grégis
Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares.
Pintura de Agnès Grégis
E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol.
Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de um náufrago. Porque sabe – sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.
Conto e filme se misturam com o sal, o sol, o vento e nuvens instáveis na linha do horizonte.
A entrada das personagens no mar, resulta em uma nova perspectiva de saída para uma nova travessia - uma nova vida se inicia e outra chega ao esperado fim.
Esperamos por você.
Quando?
17/08/2024
Roda de conversa: das 16h às 18h
Onde?
Na sua casa através do aplicativo Zoom (Play Store) (Apple Store)
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Para participar, é importante cadastrar o seu melhor e-mail em nosso site.
O link de acesso à sala ZOOM será enviado às 08h no dia do evento, além das atualizações das próximas rodas de conversa e cirandas de leitura.
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Participação Especial:
Apoio:
Que lindo texto! Prosa poética pura com a temática do Livro dos Prazeres, a mulher à procura de sua essência. Envio minha contribuição, de alguns poemas a que o texto me remeteu, "o mar da noite dos homens"
"E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol.
Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo
isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de
um náufrago. Porque sabe – sabe que fez um perigo. Um perigo tão
antigo quanto o ser humano."
Tu pequeña huella
no vuelve más
que poemas nuevos
fuiste a buscar.
Atardecer cedo
azul e frio
com longas
sombras longas.
O mar da…