Confraria das Lagartixas promove Encontro de Cinema, Literatura e Arte.
Parceria A Casa Frida
Filme | Ferrugem e Osso
De Jacques Audiard
Desempregado e encarregado de cuidar do filho de cinco anos que mal conhece, um ex lutador de boxe troca a Bélgica pela França para viver precariamente com a irmã. Sua vida muda drasticamente depois de conhecer uma treinadora de baleias.
TRAILER:
“Ao discorrer sobre as perenes memórias das dores que nos formam e nos transformam, o drama de Jacques Audiard permanece muito além de sua sessão, seja pela excepcional obra que é, seja pela força às vezes brutal de seu enredo.”
“Baseado no conto de Craig Davidson de mesmo título, Ferrugem e Osso se inicia com a aproximação de dois personagens sofridos, que não encontraram sua razão de existir.”
“Ferrugem e Osso é um filme belíssimo e apresenta com profundidade duas almas perturbadas procurando pelo significado da existência, através dos percalços da vida.”
Imersão Clarice Lispector
Para acompanhar nossa Ciranda de Leitura do livro A Paixão Segundo G.H. de Clarice Lispector, seguimos com o conto Perdoando Deus do livro Felicidade Clandestina.
Conto | Perdoando Deus
De Clarice Lispector Do livro Felicidade Clandestina
Que reflexões podem surgir de um simples ato cotidiano, como ter a infelicidade de pisar em um rato morto, ruivo, ensanguentado e esmagado no meio da rua, durante um passeio feliz pela orla de Copacabana?
“Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho, mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe.”
“E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito.”
“Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto.”
“É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.”
“Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.”
🍂🍂🍂 BICHOS DOS LIXOS
Já era tarde da noite quando vi os ratos.
Ratos saindo do esgoto.
Eram muitos ratos.
Uma família gigantesca de ratos-de-esgoto.
Estavam em polvorosa à procura de comida ou sei lá o quê, naqueles imensos sacos pretos de lixo atirados na sarjeta.
Não entendo de ratos mas possivelmente não eram ratos: eram ratazanas. Imensos, gordos, sorrateiros. Em frenética e faminta busca por comida ou qualquer coisa que por ali estivesse.
Depois fui pesquisar: “Rattus norvegicus, a ratazana ou rato-castanho, ou simplesmente rato, é uma espécie de roedor originária do leste da Ásia, mas actualmente naturalizada em quase todas as regiões povoadas do planeta, sendo a mais comum e conhecida de todas as espécie de ratos. Wikipédia”.
“Ratazanas são roedores maiores, ótimos nadadores e escavadores e vivem em tocas perfuradas na terra ou em locais protegidos juntos a estruturas de concreto. Geralmente, são encontrados em beiras de córregos e rios, redes de esgoto e fluviais, depósitos de lixo, entre outros locais.”
Corriam rápidos e desesperados de um lado para o outro esses bichos dos lixos. Tão ousadamente sorrateiros que sequer perturbavam o silêncio noturno da rua.
Alguém apareceu, passos largos na calçada, provavelmente a caminho de casa. Quase tropeçou em um deles. Ambos se assustaram e por um instante ficaram ali encolhidos e paralisados.
De que têm medo os ratos?
Por que, tão sorrateiros, não saem à luz do dia? Do que se escondem esses bichos dos lixos?
A cada momento eu via mais e mais ratos a sair do esgoto à procura de comida.
Até agora estou a me perguntar porque fiquei ali na janela a observar esses asquerosos bichos dos lixos. Provavelmente porque nunca havia visto, em toda a minha vida, tantos seres asquerosos saindo do esgoto, ao mesmo tempo.
Desesperados,
escondidos,
apavorados,
esses bichos dos lixos,
irmanados e amigos,
saíam, em fuga e à mercê,
dos seus esgotos-abrigos
à procura sabe-se lá do quê!
Lúcia Barros Freitas de Alvarenga
@lucia_barros_freitas_alvarenga
17/12/2022.
PS: Este relato sobre os ratos não é uma metáfora.
Mas poderia ser.
--- ESSES BICHOS DOS LIXOS
A dúvida é atroz.
Não sei se mais repulsivas e nauseantes as ratazanas ou as asquerosas baratas que correm desorientadas, feito loucas, enormes, algumas voam delirantes e rasteiras, sem saber de quem e onde se esconder.
E, sob a malsinada vassoura, permanecem vivas, silentes, inertes, quietas, horas, dias. Fingem-se de mortas. Aguardam e guardam para si o eterno alimento roubado, recolhido e não digerido.
E fogem outra vez.
Vão direto para suas comunidades do esgoto cúmplice. Cruzam em círculo, sem aviso prévio, em dramática competição no trágico e intenso tráfego das ávidas, velozes e famintas ratazanas que horrorosamente serpenteiam entre si, seguem seus instintos perversos e sobem pelas frestas escuras, úmidas e mal-cheirosas dos bueiros urbanos.
Saem, em frenética correria solidária, milhões dali. Quando sentem e ouvem ao longe um ruído - as ratazanas têm uma agudez olfativa e auditiva impressionante - recolhem-se sob folhas mortas e camuflam suas gordas existências nos troncos secos e encolhem-se entre sombras da noite em árvores alheias. Para mais tarde devorar o roubado entre dentes sangrentos.
Quanto tempo tardam as existências do submundo dessas vidas e demoradas sobrevidas?
Como são infinitos esses milenares, peludos, rastejantes, espertalhões, sorrateiros, inescrupulosos, oportunistas, noturnos, soturnos e obscuros bichos, tão idênticos aos semblantes e gestos humanos!
Lúcia Barros Freitas de Alvarenga
@lucia_barros_freitas_alvarenga
24/09/24
Clarice e Audiard nos pegam pela mão e expõem uma realidade incômoda, desvirginando a beleza da existência e a fragilidade humana.
“Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.”
Clarice Lispector
Esperamos por você.
Quando?
12/10/2024
Roda de conversa: das 16h às 18h
Onde?
Na sua casa através do aplicativo Zoom (Play Store) (Apple Store)
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Para participar, é importante cadastrar o seu melhor e-mail em nosso site.
O link de acesso à sala ZOOM será enviado às 08h no dia do evento, além das atualizações das próximas rodas de conversa e cirandas de leitura.
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Participação Especial:
Apoio:
A Confraria das Lagartixas e A Casa Frida, em parceria com o Instituto Vencer o Câncer, promovem uma arrecadação de fundos neste Outubro Rosa.
O Santa Cabeleira e a Keune estão disponibilizando vouchers de tratamento capilar emoliente cujas vendas serão destinadas ao Instituto Vencer o Câncer.
Caso queira realizar uma doação sem adquirir o tratamento capilar, utilize os dados abaixo.
Doe. Se Doe. Salve uma vida.
Valor: R$ 68
PIX 23123163/0001-67
Banco Bradesco Ag. 3114 CC . 397748-0 CNPJ 23123163/0001-67
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Vamos nos unir e levantar fundos para uma causa muito séria - o diagnóstico e o tratamento do câncer por meio do Instituto Vencer o Câncer, que busca alertar a população quanto aos fatores de risco, prevenção e diagnóstico precoce, além de informar e apoiar o paciente, familiares e amigos diante do diagnóstico de câncer, empoderando as pessoas envolvidas para que o tratamento seja conduzido considerando a saúde integral até, finalmente, Vencer o Câncer.
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